"Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor
A cor é que tem a cor das asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboletaE a flor é apenas flor."
[Alberto Caeiro]
quinta-feira, 27 de setembro de 2007
quarta-feira, 29 de agosto de 2007
Me diversifico sou duas até três
Ás vezes quatro, cinco ou seis
Prefiro nem falar, sou uma por mês.
Tem horas que grito bem alto ao mundo
Outras horas, apenas sei falar de amor
Sou romântica, trágica e melancólica
Num piscar de olhos, me torno menina
Séria e sem defesa, coberta de sutilezas
Então me torno dez é fatal, viro a tal
E sem que ninguém perceba sou dona do mundo
Segura e destemida, feita de sonhos e privilégios
Exponho um roteiro, contraceno... Torno-me várias
Não sou matemática, apenas me multiplico
Melhor nem me conhecer, sou bem mais complicada
Sou mil! E quem tentou descobrir não pode fugir
Ficou preso dentro de minhas fases de mulher diversificada.
Por Sophie Dechant às 19:39
quinta-feira, 16 de agosto de 2007
*Tocando em Frente*
Por Sophie Dechant às 17:46
segunda-feira, 6 de agosto de 2007
"Sonhe com as estrelas,
apenas sonhe,
elas só podem brilhar no céu.
Não tente deter o vento,
ele precisa correr por toda parte,
ele tem pressa de chegar, sabe-se lá aonde.
As lágrimas?
Não as seque, elas precisam correr na minha,
na sua, em todas as faces.
O sorriso!
Esse, você deve segurar, não o deixe ir embora,
agarre-o!
Persiga um sonho, mas, não o deixe viver sozinho.
Alimente a sua alma com amor,
cure as suas feridas com carinho.
Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades,
mas, não enlouqueça por elas.
Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.
Alargue seu coração de esperanças, mas,
não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-as.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar novamente, segure-o!
Circunda-se de rosas, ama, bebe e cala.
O mais é nada".
[Fernando Pessoa]
música: Stand by me [Ben E. King]
Por Sophie Dechant às 13:58
terça-feira, 24 de julho de 2007
o fazedor de frases
Na enchente de 22, no Pantanal de
Corumbá, canoeiro Apariço, de
estante e prol, vagou sobre as águas
7 dias e 7 noites, sem comer - e
teve um delírio frásico. Esse aí.
Sou passado obscuro dessas águas?
Maior que o infinito é o incolor.
Agora eu como água de merenda.
Pra saber dos passarinhos só preciso das minhas ignorâncias.
Sou muito floreado por palavras,
Quem seja floreado por palavras seja o vazio delas,
Eu sou o meu vazio cheio de palavras.
Do meu destino eu mesmo desidero.
Eu sei das iluminações do ovo!
Sou muito comum com pedras.
Falta só que uma árvore me fornde, E os rios tomem banho no meu corpo.
Meu olho tem argumentos.
Fui urinado pela sovelhas do Senhor?
Uma arara invadiu meus exâmetros.
Eu exerço uma grande irresponsabilidade sobre esses pássaros.
Os morros se andorinham longemente...
Eu sou o horizonte dessas garças...
Eu me horizonto.
Por Sophie Dechant às 14:27
sexta-feira, 20 de julho de 2007
Procura-se um Amigo
Por Sophie Dechant às 13:54
quarta-feira, 18 de julho de 2007
Quase
Ainda pior que a convicção do não,
É a incerteza do talvez,
É a desilusão de um quase!
É o quase que me incomoda,
Que me entristece,
Que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.
Quem quase ganhou ainda joga,
Quem quase passou ainda estuda,
Quem quase amou não amou.
Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos,
Nas chances que se perdem por medo,
Nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.
Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna.
A resposta eu sei de cor.
Está estampada na distância e na frieza dos sorrisos,
Na frouxidão dos abraços,
Na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados.
Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz.
A paixão queima,
O amor enlouquece,
O desejo trai.
Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor.
Mas não são.
Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo,
O mar não teria ondas,
Os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.
O nada não ilumina,
Não inspira,
Não aflige nem acalma,
Apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.
Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.
Para os erros há perdão,
Para os fracassos, chance,
Para os amores impossíveis, tempo.
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
Não deixe que a saudade sufoque,
que a rotina acomode,
que o medo impeça de tentar.
Desconfie do destino e acredite em você.
Gaste mais horas realizando que sonhando...
Fazendo que planejando...
Vivendo que esperando...
Porque, embora quem quase morre esteja vivo,
Quem quase vive já morreu.
[Luís Fernando Veríssimo]
Por Sophie Dechant às 21:55