terça-feira, 24 de julho de 2007

o fazedor de frases



Na enchente de 22, no Pantanal de
Corumbá, canoeiro Apariço, de
estante e prol, vagou sobre as águas
7 dias e 7 noites, sem comer - e
teve um delírio frásico. Esse aí.











Ontem choveu no futuro.

Sou passado obscuro dessas águas?

Maior que o infinito é o incolor.

Agora eu como água de merenda.

Pra saber dos passarinhos só preciso das minhas ignorâncias.

Sou muito floreado por palavras,

Quem seja floreado por palavras seja o vazio delas,

Eu sou o meu vazio cheio de palavras.

Do meu destino eu mesmo desidero.

Eu sei das iluminações do ovo!

Sou muito comum com pedras.

Falta só que uma árvore me fornde, E os rios tomem banho no meu corpo.

Meu olho tem argumentos.

Fui urinado pela sovelhas do Senhor?

Uma arara invadiu meus exâmetros.

Eu exerço uma grande irresponsabilidade sobre esses pássaros.

Os morros se andorinham longemente...

Eu sou o horizonte dessas garças...

Eu me horizonto.
[Manoel de Barros, poema e desenhos]

7 comentários:

Carmim disse...

Não conhecia esse delírio frásico, mas adorei!
Beijos.

Marcelo disse...

"Enjoy the silence"...Foi o que fiz aqui após ler e reler o que escreveu...
Adorei o texto em seu perfil, aliás.

Tem certas coisas que não sei dizer...


Beijos, menininha.

Anônimo disse...

gostei deste canto...
dos poemas...do silêncio!
beijo

Anônimo disse...

Olá!
Adorei o poema! Parabéns!!!
Bjos e bom fds!
Pri:)

Marcelo disse...

Sempre bom encontrar vida inteligente...É por aí.

Smack!!!
(agora fiquei sem graça de dizer "menininha" hahaha)

Vanda disse...

obrigada pela visita é sempre bem-vinda ;)
beijo

Carmim disse...

Aos poucos estou voltando.. e espero que continues por cá.. =)

Beijinho.